O futebol não é difícil e o campo não pode ser preterido
Se fosse um aluno, o Bahia seria aquele estudante, que teve todas as possibilidades de fazer uma ano letivo tranquilo, e passar, mas, mesmo assim, acabou reprovado. Porém, diferente dos alunos do ensino regular, o clube não repetirá a mesma Série em 2022. Muito pior, está rebaixado.
Rebaixado em um campeonato que mostrou que é possível, sim, um clube do Nordeste chegar à tão sonhada Copa Libertadores, assim como fez o Fortaleza, seu algoz, na melancólica noite desta quinta-feira (9).
Rebaixado pela incompetência dos seus jogadores, que refletiram em campo, a soberba da diretoria, ao achar que tudo poderia ser resolvido de última hora, assim como foi em 2019 e 2020, teorizando que o elenco que conquistou a Copa do Nordeste de 2021, passando pelas semifinais e final, na bacia das almas das penalidades, fosse o suficiente para fazer uma boa temporada. Não, não foi.
Chega de acreditar em mirabolantes teorias da conspiração, enquanto o problema está na ausência de auto reflexão, bem ali, nos bastidores do tão badalado Centro de Treinamento Evaristo de Macedo, que parece não estar à altura das potestades da bola.
Mais uma queda, e mais uma mancha na linda história do bicampeão brasileiro, que precisa, mais do que nunca, comprovar em campo a sua grandeza, e não gargantear aos quatro cantos ser “o maior do Nordeste”.
O futebol não é difícil. É competência, eficiência. O torcedor não quer saber de balanços financeiros positivos (ou nem tanto), ou sobre ações afirmativas, se a bola não entra na rede e os resultados vierem. O campo não pode ser preterido, jamais.
Guilherme Bellintani, Victor Ferraz, Lucas Drubscky, Júnior Chávare, é necessário entender o que é o Bahia. É necessário calçar as sandálias da humildade e reconhecer os erros, os equívocos desta administração temerária, que afasta cada vez mais o maior patrimônio deste clube, o torcedor.
É preciso retomar a baianidade na formação das categorias de base do clube, seja na comissão técnica, seja no campo, sem precisar recorrer a jovens descartados em clubes do eixo.
Cinco anos depois, o Tricolor está de volta à Série B. Para ficar um ano ou sete anos? Difícil saber. A única certeza é que a segunda divisão de 2022 será uma das mais disputadas dos últimos anos, com 14 campeões nacionais.
O futebol baiano está de luto, pela triste temporada protagonizada pelos seus clubes no cenário nacional. É hora de juntar os cacos, e como sempre, se agarrar no seu 1° e 12° jogador, o torcedor. O Bahia jamais acabará, mas não se esforcem tanto para isso, senhores diretores.
Foto: Jhony Pinho / AGIF