O futebol é o esporte mais popular do Brasil, isso não há o que negar. A história com o esporte vem do berço, tem quem goste e quem não goste. Porém, é inegável, todos tem uma história que se entrelace com o futebol. Seja uma final de campeonato, um jogo que reuniu os amigos ou com a família. Mas daí surge uma pergunta incômoda: O futebol tem gênero?

Quando criança fui ao estádio algumas vezes com meus primos, e sempre éramos parados por que "é muito fofo uma criança no estádio", e ouvíamos "trouxe a boneca para ela se distrair na hora do jogo?". Não entendia muito bem por que teria que levar a boneca se eu estava indo gritar 'gol'.

Com a idade, deixei de acompanhar meus primos, e comecei a frequentar estádios com minhas próprias pernas. E ai veio o choque, o futebol é extremamente machista. Perdi a conta de quantas vezes precisei falar que não estava acompanhando meu pai ou namorado. Em praticamente 10 anos de estádio, contabilizo algumas histórias nada bonitas. Ameaças, piadas que nunca tem graças, passadas de mão, puxões no braço. Parece tão absurdo, mas essa é a realidade que nós, mulheres, passamos só por que escolhemos torcer.

Somos a Torcida Feminina da Savóia, Jovem Fla Pelotão Feminino, Galoucura Feminina, Tricoloucas, Leoas da Barra, Força Tricolor - Comando Feminino, Força Feminina Colorada, Loucas por Ti Corinthians, Movimento Coralinas, VerDonnas, a Flu Mulher, e tantas outros coletivos e torcidas.

Não faz sentido que em pleno século XXI as mulheres sejam vistas como intrusas nos estádios. As arquibancadas são espaços plurais, que devem ser compostas por pessoas que compartilham a mesma paixão, e esse ser o único diferencial entre as torcidas.

Por Paloma Mota, estudante de jornalismo
Foto: Maurícia da Matta - Instagram: @mmattafotografia