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Campello fala sobre problemas com mobilidade urbana e diz que metrô na Copa é urgente

por Leonardo Santana em 23 de Agosto de 2013 00:00

O secretário Estadual da Copa (Secopa), Ney Campello, foi entrevista pelo Bocão News, em parceria com o Galáticos Online, e comentou sobre os legados deixados no país após a Copa das Confederações, além dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014. O gestor declarou que as manifestações no período do torneio realizado neste ano “trouxe consequências para a imagem do país”.

Ney Campello comentou sobre os problemas enfrentados no aeroporto de Salvador durante a competição, as críticas à mobilidade urbana e os elogios ao sistema de segurança. Em primeira mão, o secretário adiantou que pretende disponibilizar telões em diversas cidades do interior do estado para que os torcedores possam assistir aos jogos da Copa do Mundo de 2014 e também tratou de um projeto de revitalização que pretende implantar para os moradores do entorno da Arena Fonte Nova.

Como torcedor e admirador do futebol, Campello discursou ainda sobre o momento da dupla BaVi no Campeonato Brasileiro e sobre a intervenção no Bahia. 


Confira a entrevista com o secretário Ney Campello na íntegra


Bocão News: Qual o balanço que a Secopa faz da realização da Copa das Confederações em Salvador?

Ney Campello: O balanço é muito positivo, aliás, os números são incontestáveis neste sentido. Tivemos uma Copa com R$ 750 milhões de impacto na cadeia do turismo tanto direto, quanto indiretamente, tivemos mais de 800 mil torcedores que ocuparam nossos estádios, no caso da Bahia, algo em torno de 110 mil torcedores nos três jogos, aqui realizados. A pesquisa do Portal Nacional de Notícias apontou a Bahia, na percepção do torcedor, como a melhor em operação das seis cidades da Copa das Confederações. Passamos por um teste de fogo, pois tivemos que operar um evento pela primeira vez no Brasil com esse grau de complexidade e dificuldade, com manifestações que eclodiram no país no mesmo período, que se colocaram nesta relação de visibilidade com a Copa. Fizemos uma operação com duplo esforço, de como
administrar a legitimidade dessas manifestações e ao mesmo tempo a entrega de um compromisso legal, estabelecido pelo país quando celebrou essa condição de se constituir como sede da Copa das Confederações. A torcida soube distinguir de um lado o direito das manifestações, às críticas que realizou, mas ao mesmo tempo de celebrar e comemorar a seleção brasileira. Nós derrotamos não apenas a seleção da Espanha, mas derrotamos também o pessimismo. A Copa das Confederações foi um evento positivo, mas não estou dizendo sem defeitos, sem falhas, sem o que corrigir. Digo que tivemos sucesso, êxito, mas temos muito o que aprimorar.

BNews:  Qual o maior problema que Salvador enfrentou na Copa das Confederações?

NC: Tivemos alguns problemas e é bom distingui-los.No caso da Fifa e do COL destacaria sobretudo a questão do credenciamento, da distribuição dos ingressos, é preciso ampliar o número de pontos de distribuição, e principalmente, a gestão de alimentos e bebidas no interior do estádio. Do nosso lado, a primeira coisa que precisamos modificar para 2014 é a comunicação. A comunicação com a cidade e a comunicação da cidade. A comunicação com a cidade porque precisamos dialogar mais com a cidade, conversar mais com a população do entorno, foi ruim aquele problema da interdição ao redor da Arena, não pelo problema da interdição, mas nós nãos nos comunicamos, tanto a prefeitura quanto o governo, a comunicação com a cidade não foi positiva. A cidade precisava ter mais cara de Copa e em 2014 vamos fazer com que a cidade esteja toda ambientada com a Copa, porque ajuda a trazer o clima para a própria população.  A sinalização na cidade também esteve muito aquém, a prefeitura tem que se dá o desconto, porque recebeu um orçamento sem nenhuma previsão para a Copa, o governo anterior não alocou recursos. A prefeitura teve que fazer placas menores, pouco visíveis e foi um elemento negativo. E por fim, nosso calcanhar de Aquiles, que foi a mobilidade urbana.

BNews: Em uma pesquisa, Salvador foi apontada como a pior cidade no quesito mobilidade urbana, o que o senhor tem a dizer sobre isso?

NC: Essa pesquisa foi de uma associação nacional de transporte, cujo presidente é um cearense, e houve questionamento sobre isso.  Na verdade o plano operacional de transporte para a Copa funcionou bem, as pessoas ficaram satisfeitas. Não tivemos para o plano operacional dificuldades maiores.  As pessoas compreenderam isso e elogiaram o sistema, mas não temos o metrô, não temos um sistema de transporte em massa funcionando. Acho que esse foi um problema que vamos precisar corrigir, precisamos fazer com que essa malha metroviária na Linha 1, na pior hipótese, os 6 ou 12km estejam operando, não irá resolver os problemas de mobilidade da cidade, mas ajuda. O metrô é uma obra importante, assim como a obra na Paralela, viadutos no Imbuí, duplicação da Pinto de Aguiar, se essas obras forem asseguradas e aceleradas também irão ajudar na mobilidade. Nosso foco é fortalecimento das obras de mobilidade que foram anunciadas.

BNews: Por outro lado o sistema de segurança em Salvador foi apontado como o melhor entre as sedes da Copa das Confederações. Neste ponto o que ainda pode melhorar?


NC: Temos que ver esse evento internacional como um evento que traz muitas lições. Foi a melhor integração de segurança do país, funcionou plenamente, muito bem. Podemos melhorar fortalecendo a integração entre Polícia Federal, Civil e Militar. A ampliação do Centro de Comando e Controle, que já funcionou na Copa das Confederações, mas precisa ser ampliado, pois a Copa terá o dobro de jogos em Salvador e será muito mais complexa. Precisamos ampliar a operação de monitoramento e de inteligência na segurança e precisamos trabalhar também cada vez mais na formação do agente policial.

BNews: O senhor acha que as manifestações que foram realizadas no Brasil durante a Copa das Confederações ‘manchou’ a competição?

NC: Éinegável dizer que trouxe consequências para a imagem do país. Não houve oposição do torcedor à Copa, houve contraposição. O torcedor dizia “muito bem tem uma Copa, mas a educação e a saúde tem que ser assim”, mas o torcedor gosta do futebol, é apaixonado e vibrou com a seleção brasileira dentro e fora do campo. Agora o torcedor se manifestou e isso naturalmente se constitui em prejuízo de imagem ao país. Mas esse prejuízo não foi capaz de macular o bom resultado da Copa das Confederações, nem mesmo para a Fifa, que saiu daqui dizendo que foi o evento de maior repercussão que já viu dessas competições e que o Brasil está absolutamente confirmado para 2014.

BNews: Em relação aos telões instalados em Cajazeiras e Ribeira para exibição dos jogos da Copa das Confederações, há uma previsão de ampliação para a Copa do Mundo?

NC: Vamos ampliar na capital e vamos levar para o interior do Estado. Já temos 12 cidades que são as principais cidades destinos turísticos, entre elas Morro de São Paulo, Lençóis, Itacaré, Ilhéus. Só que nos últimos dias pensei melhor, e estou falando para vocês em primeira mão, podemos sair destes 12 e expandir para muito mais. A Copa é um evento de um mês e acontece num período de São João e a Secretaria de Turismo já apoia quase 100 cidades e por isso vou procurar o secretário Leonelli para que a gente se junte, integre e faça 100 exibições públicas.

BNews: Tivemos problemas no aeroporto de Salvador durante a Copa das Confederações, quando uma chuva acabou alagando todo o saguão. As obras no local têm previsão de conclusão?

NC: Esse é um ponto crítico, articulado com a mobilidade. Tenho conversado muito com o superintendente da Infraero no sentido de que estas obras não podem falhar. Nosso aeroporto recebeu bem o fluxo da malha, teve problema, mas não trouxe transtorno nesse ponto de vista. Mas a qualidade do equipamento está muito aquém. A promessa da Infraero é que entrega em outubro uma torre e estão prometendo para fevereiro a entrega do Terminal de Passageiros. Estamos monitorando, torcendo e acompanhando para que isso aconteceça.

BNews: E o porto?  Em uma entrevista ao Galáticos, o senhor confirmou que as obras estariam prontas para maio de 2013, já estão concluídas?

NC: Não. Uma primeira etapa foi entregue em maio. Mas na verdade a entrega está prevista segundo a autoridade portuária para meados de agosto e setembro.

BNews: Como foi o desempenho das baianas do acarajé na venda dos quitutes na Copa das Confederações? Elas já estão garantidas para a Copa do Mundo?

NC: Sem dúvidas. Foram seis baianas, escolhidas pela Associação, as receitas inteiramente voltadas para as baianas, segundo informações delas foram vendidas mais de 3 mil acarajés nos três dias de jogos. Todos os utensílios bancados pela Secretaria de Justiça. Esse negócio deu tão certo, vendeu tão bem, que já conversei com o Frank Alcântara, da Arena Fonte Nova, para que elas possam continuar no estádio mesmo após a Copa das Confederações e a Copa do Mundo.

BNews: Alguns voluntários que trabalharam para o governo federal fizeram várias críticas ao programa Brasil Voluntário. O que o senhor pensa a respeito?


NC: Acompanhei o programa Brasil Voluntário e acho que esse programa não funcionou bem a meu ver, vou levar essa informação ao Ministério do Esporte, a questão principal não foi nem o fardamento, mas a atenção o acompanhamento. Eles não foram devidamente valorizados como deveriam ser.  Queremos que o programa seja reestruturado
BNews: Quais as mudanças e preparativos que Secopa já está visando para a Copa do Mundo?

NC: Fizemos uma reunião de balanço do governo do Estado e pretendemos fazer até o final de agosto, fazer o balanço com todos os envolvidos. Vamos avaliar com as Forças Armadas, com o setor de saúde, educação, com todos para elaborarmos o nosso planejamento para 2014, todas as correções necessárias. Vamos focar na comunicação, sinalização, na qualificação da mão-de-obra, investir nos colaboradores que atuam no receptivo da Copa. Temos que ver as estruturas no entorno do estádio e conversar com a população, porque o evento é maior é mais tempo, não vamos deixar para cima da hora. Precisamos conversar com todas as associações de moradores dali, com todas as lideranças comunitárias e precisamos deixar legados para aquela região. Não adianta só pedir compreensão da população, precisamos também que vislumbrem resultados para a população. Tenho um projeto que ainda não posso anunciar, mas já posso adiantar que temos um projeto para revitalizar aquela área do entorno da Arena, é preciso que aquele população do entorno do estádio diga que a Copa do Mundo deixou um legado para eles.

BNews: Quanto a pasta tem para investir e quanto está previsto para a Copa do Mundo?

NC: O nosso orçamento é modesto em relação ao Estado. O nosso orçamento para o ano inteiro é de R$ 30 milhões entre investimento e custeio para pagar tudo, funcionários, sedes e todas as despesas nossas. Certamente que vamos precisar negociar com a Fazenda e com o Planejamento um orçamento suplementar para as estruturas temporárias que não caberiam no orçamento da Secretaria.

BNews: Mudando um pouco o foco do assunto. O que o senhor está achando do desempenho da dupla BaVi no início do Campeonato Brasileiro?

NC: É inegável que a campanha é boa. Estamos no G-4, não vamos nos iludir porque é um campeonato que está começando. Não é uma corrida de 100 metros é uma maratona e nossos clubes têm um problema, que é um problema de todos os clubes do Nordeste e de todas as áreas menos favorecidas do futebol brasileiro que é a distribuição dos recursos. Precisamos de uma redistribuição de recursos no futebol do Brasil, porque a fatia do bolo é muito pequena para o Nordeste. Estou satisfeito com o desempenho dos dois clubes, que bom que o Bahia passando pela dificuldade que está passando no campo administrativo não tenha levado esse problema para dentro de campo, o Vitória vem tendo uma campanha estável e eu aposto nisso, que nossos clubes podem estar entre os dez melhores do Brasil, com os dois na Sul-americana, esse é um objetivo mais palpável. Isso é muito importante para a sustentabilidade da Arena Fonte Nova, é muito importante para a qualificação do nosso futebol. Para que dê certo é preciso de dois pilares essenciais: gestão profissional e democratização nos clubes.

BNews: O que o senhor está achando da intervenção no Bahia?

NC: Tenho que ter cuidado porque é um assunto interno ao clube, sou torcedor e conselheiro do Vitória e por isso preciso ter cautela em opinar. Mas houve uma intervenção, essa intervenção foi determinada pelo Judiciário, compreendo que houve um vício no processo eleitoral, sobre este aspecto eu não me manifesto porque é um porque é um problema interno ao clube e da Justiça baiana e brasileira. Agora há uma evidência nesse processo que é a necessidade de nós repensarmos os processos de democratização da gestão. O torcedor tem o direito de votar, a torcida do Bahia é uma torcida invejável, apaixonada que lota o estádio, que não pode está apenas sentada na arquibancada. É preciso que os estatutos dos clubes não estabeleçam sistemas de representação que passam por tantos filtros que não garantem a democracia. Precisa haver um aprofundamento na democracia dos clubes e acho que Marcelinho tem uma oportunidade histórica, temos uma bola relação pessoal, e acho que ele pode fazer isso. Não se nega ao Bahia e a atual gestão que tenha produzido virtudes, por exemplo, a Cidade Tricolor, que foi um resultado positivo da gestão de Marcelinho, agora é preciso que essa alternância no poder se caracterize. Espero que a intervenção seja menos um processo judicial para o clube e para as pessoas envolvidas e mais uma oportunidade para que a diretoria do Bahia perceba essa chance histórica que lhe é dada de fazer esse processo de mudança.

BNews: Qual a mensagem que o senhor deixa para os leitores do Bocão News e Galáticos Online?

NC: Quero agradecer a oportunidade de conversar com vocês e com os leitores, e àqueles que ouvem a equipe dos Galáticos que é uma das equipes de maior sucesso no rádio esportivo baiano, para nós a participação dessa imprensa esportiva é essencial, no sentido de oportunizar que todas as opiniões se manifestem, inclusive a do governo, isso é democracia no jornalismo. Quero dizer que derrotamos o pessimismo, derrotamos os prognósticos negativos que estavam estabelecidos em relação à Copa das Confederações, que permaneço otimista que este país tem maturidade e estabilidade democrática e institucional para conviver com seus dramas sociais e econômicos e ao mesmo tempo recepcionar um evento desta natureza. Continuaremos sendo absolutamente transparentes e honestos na relação com a sociedade não prometer que a Copa é um fator de mudança estrutural do país pra demandas que estão aí concentradas há décadas. A Copa não vai mudar o país em 3 ou 4 anos, mas é uma oportunidade única de iniciar o processo. O recado que eu digo é que a Copa é ponto de partida, não é ponto de chegada. Vamos aproveitar esse ponto de partida para reversão destes problemas sociais e econômicos que estamos enfrentando e para qualificar o nosso futebol que é a grande paixão nacional. É preciso que todos os setores da sociedade aproveitem a Copa para dela extraírem resultados positivos. 

*Entrevista realizada no dia 12 de Julho de 2013.


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