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Edson Fabiano fala sobre saída do Bahia, futebol de base do estado e trabalho no clube de Talisca

por Rafael Machaddo (@RafaelMachaddo) em 23 de Dezembro de 2017 00:00

Ele começou a carreira como treinador de base aos 16 anos, em uma escolinha do próprio bairro. Porém, aos 20 anos, um dos maiores profissionais de base do Brasil, Newton Mota, o convidou para trabalhar em uma das maiores potencias de revelação de jogadores do mundo, o Esporte Clube Vitória, onde ficou por sete anos.

Em 2018, Edson Fabiano completará 20 anos de carreira. Atualmente no Esporte Clube Olímpia, clube que tem o jogador Anderson Talisca como presidente, Fabiano também tem em seu currículo uma passagem de dois anos no ABB, e oito anos de serviços prestados ao Esporte Clube Bahia, de onde saiu durante este ano de 2017.

A equipe do Galáticos Online bateu um papo com esse que é um dos maiores ganhadores de títulos no futebol de base do estado da Bahia. Confira uma entrevista com o treinador Edson Fabiano.

Conta um pouco da sua trajetória nesses 20 anos. Atletas com quem já trabalhou, títulos...

RESP: São 20 anos de trabalho de base que eu estou completando agora em 2018. Tivemos a felicidade de trabalhar com grandes atletas que hoje estão jogando no futebol internacional, como Elkesson, Victor Ramos, Alan Santos, que está se transferindo para o México e jogou no Coritiba nesse ano, temos um garoto chamado Sebá, que a gente conseguiu revelar ele na AABB e tantos outros, são muitos... O próprio Anderson Talisca, o Dante trabalhou comigo na minha escolinha. Então foram muitos garotos que a gente conseguiu trabalhar e ajudar na formação, junto com os meus colegas. Ninguém forma nem revela sozinho. Nesse trabalho de Formação nós conquistamos mais de 25 títulos. No Vitória foram 14, no Bahia foram 11 e no ABB foram dois. Então nós estamos completando 20 anos de trabalho de base muito feliz por saber que a gente conseguiu revelar tantos garotos e conseguiu fazer história. No Bahia, quando eu adentrei, o Bahia só tinha dois títulos de Campeão Baiano Infantil. Hoje o Bahia tem sete títulos, cinco foram no período que eu estava lá.

Como você vê o momento dos profissionais de base da Bahia e a chegada de profissionais de fora do estado para trabalhar nos dois principais clubes do estado?

RESP: Olha, uma coisa é certa, nós temos os melhores profissionais do Brasil. A prova está aí Chiquinho Cersósimo, treinador de goleiros, há anos trabalhando fora; Luciano Júnior também; o Carlos Amadeu agora na Seleção Brasileira; o Marcelo Chamusca fazendo um excelente trabalho no Ceará; o Péricles Chamusca que já rodou aí o mundo afora. Outra prova disso é que hoje o Palmeiras tem a melhor divisão de base do país comandada por baianos. João Paulo coordenador técnico, Wesley Carvalho o técnico do sub-20, junto com Gilmei Aimberê, auxiliar, o Hamilton Mendes trabalha na equipe sub-16... Então nós temos grandes profissionais. Eu acho que essa mudança de trazer pessoas de fora é a questão do ‘novo’, da novidade, mas não vejo como uma solução. Acho que aqui na Bahia temos grandes profissionais que podem comandar a divisão de base de Bahia e Vitória tranquilamente. Mas não podemos desmerecer também profissionais de fora, acho que cada um tem suas qualidades e suas competências. Mas aqui na Bahia, com certeza, por tudo que a gente sabe, da diferença financeira dos clubes do Sul para os clubes daqui, nós fazemos grandes trabalhos e já provamos em Copa São Paulo, Taça BH, Copa do Brasil sub-17, sub-20, com Bahia e Vitória sempre chegando nas finais. Nós temos um ótimo trabalho com os profissionais da Bahia.

Sobre a sua saída do Bahia? Como aconteceu? Você foi pego de surpresa ou já esperava? Voltaria a trabalhar no clube algum dia?

RESP: Já são acho que seis meses que eu saí do Bahia e ainda até as pessoas do próprio clube, ligadas ao trabalho de base, não sabem explicar o que aconteceu, porque o próprio Marcelo Lima (Coordenador da Divisão de Base do Bahia) foi quem me demitiu. Não foi a diretoria do Bahia, não foi Marcelo Sant'Ana, não foi Pedro Henriques e não foi Diego Cerri. Quem me demitiu foi Marcelo Lima. Ele mesmo não disse o porquê da minha saída, jogou muito para a direção, mas, acredito eu, e até mesmo porque tenho informações, que não foi a direção. Nós fazíamos um trabalho de 8 anos no clube, um trabalho onde continuamos revelando atletas, tanto que o Juninho Capixaba, que hoje está aí para ser vendido para o Corinthians, foi um garoto que trabalhou comigo, que saiu e depois voltou e foi aprovado por mim, por toda a equipe que estava lá. Mas é passado, vida que segue. Estou muito feliz no Olímpia e meu trabalho está aí. Se um dia o Bahia ou qualquer outro clube tiver interesse, nós estamos aqui somos profissionais e vamos continuar fazendo nosso trabalho. Mas no momento estou muito feliz no Olímpia.

Com relação ao trabalho de revelação, qual a importância do técnico de base em enxergar e as vezes modificar a posição de um atleta, de acordo com suas características de jogo?

RESP: O próprio Éder, que hoje joga de zagueiro e de lateral, ele era também um meia e eu que coloquei ele para jogar de volante e depois o professor Doriva colocou ele para jogar de zagueiro. Nós temos Esdras, que foi um jogador do Vitória, que hoje se eu não me engano está na Arábia, ele também chegou de atacante e virou zagueiro. Então essa é uma das funções do técnico de base, observar e ver qual a melhor posição para aquele atleta dentro das suas características. Claro que o jogador que sabe jogar pode atuar em qualquer posição. O próprio Talisca chegou mais de meia-atacante, comigo jogou de volante e ele pode jogar em várias posições porque ele tem talento para isso. Eu acredito que é uma das funções sim do treinador de base pegar e mudar o atleta de posição, se for possível, como foi feito com o Juninho Capixaba, que aí o mérito é de Aroldo Moreira, que foi ele que colocou o Juninho de lateral-esquerdo.

O futebol moderno é muito caracterizado pela força física e isso parece que já respinga nas avaliações de base, onde alguns garotos mais técnicos não são aproveitados por terem um biótipo mais franzino. O que pensa dessa discussão entre técnica X Força?

RESP: Já existe até uma pesquisa que aponta os melhores jogadores do futebol mundial foram de estatura média para baixo. Então eu prezo pelo futebol bem jogado e jogador de qualidade técnica. É esse jogador que eu busco sempre e acredito que isso está mudando também. O próprio Carlos Amadeu, participei de um simpósio aqui na Bahia e ele também falou a mesma coisa, que a Seleção Brasileira hoje prioriza o bom futebol. Então isso está mudando. Isso aconteceu no início da década de 2000, que estavam realmente chegando muitos jogadores só de força, com documentos irregulares, e tinham uma facilidade maior pra fazer  a adulteração dos documentos pra fazer o chamado "gato". Mas hoje, com a modernidade, principalmente da informática, diminuiu-se o número de "gatos" e hoje estamos com bons atletas de estatura mediana. Eu posso até citar um garoto muito bom que vai surgir aí, Ramires, do sub-17 do Bahia, já vem jogando no sub-20, é um garoto que realmente não tem físico e está jogando hoje no sub-20. É uma prova que está mudando e nós treinadores de base estamos atentos a isso aí.

Hoje você está trabalhando com a equipe Sub-20 do Esporte Clube Olímpia, que é presidido por Anderson Talisca. O que pode dizer sobre esse projeto e sobre essa nova fase de Talisca, como dirigente?

RESP: Eu estive na Turquia, em outubro, com uma excursão que nós fizemos e fiquei realmente perplexo com a maturidade de Anderson Talisca nesse momento, apenas com 23 anos. É realmente, está com a maturidade de uma pessoa que vai empreender. O Olímpia chegou realmente com uma velocidade de alcance público e um apelo muito grande na mídia. Tivemos uma avaliação nessa semana onde apareceram mais de 900 garotos. Isso é incrível. E ele é muito popular, muito carismático. O trabalho aqui está muito especial, hoje estamos só com a base, mas a ideia é daqui a um ou dois anos disputar o Campeonato de profissionais também. Em 2018 já disputaremos o baiano Sub-20 onde nosso objetivo é chegar entre os quatro primeiros. Então tenha certeza que o Olímpia foi criado para chegar e para ser uma das potências do futebol baiano, não só na base mas no profissional também. Essa é a ideia dele, primeiro formar e revelar, e no futuro começar a disputar para ganhar. 

Fotos: Arquivo Pessoal


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